Como funcionam as taxas e juros do cartão de crédito?
Quem nunca usou um cartão de crédito ou desejou fazer uso dele para comprar um item qualquer, que atire a primeira pedra. É certo que mais da metade da população já tenha usado o cartão para fazer compras aleatórias no dia a dia — e não é à toa que ele se tornou um dos meios de pagamento favoritos da população. Afinal de contas, quem não quer a facilidade de comprar agora o que tanto deseja e fazer o pagamento apenas depois? Incrível, não é?!
E já que estão falando desse emblemático meio de pagamento, você sabia que o Brasil é um verdadeiro campeão em cartões de crédito? É isso mesmo! A quantidade de cartões circulando pelo país nos últimos anos é tão grande que ultrapassa em muito o número de habitantes.
Segundo dados do Banco Central, em apenas alguns anos, o número de cartões ativos mais do que dobrou! Estamos falando de 212 milhões de cartões em circulação, enquanto a população brasileira soma 203 milhões — ou seja, isso equivale a 1,04 cartões por pessoa.
Mas, por mais que sejam números assustadores que demonstram a força do cartão de crédito, também chama atenção por outro detalhe: o uso responsável desse meio de pagamento. Afinal de contas, basta um deslize para que parte da população entre em um endividamento. Para evitar isso é preciso entender como ele funciona, incluindo suas taxas e juros.
Taxas e juros. Essas palavras te causam medo? Se sim, calma, elas não são nenhum bicho de sete cabeças, viu?! Basta você compreendê-las com atenção e com o tempo passar a usá-las como aliadas para uma gestão financeira mais segura e eficiente.
Por que você precisa conhecer as taxas e juros do seu cartão de crédito?
Já que começamos a falar sobre as taxas e juros do cartão de crédito, é importante entender o impacto que elas proporcionam em sua vida financeira. E para isso, basta lembrar de alguma situação em que o valor da sua fatura do cartão de crédito aumentou significativamente de um mês para o outro, mesmo que você não tenha feito novas compras.
Por que será que isso acontece? Bem, por conta dos juros.
Os juros são, basicamente, uma espécie de aluguel que você paga pelo dinheiro que está usando. No caso do cartão de crédito, os juros são calculados sobre o saldo devedor. Em outras palavras, sobre o valor que você ainda não pagou da sua fatura.
E quando você não paga a fatura completa, o valor restante entra no chamado crédito rotativo — é como se você estivesse renovando a sua dívida mês a mês, pagando apenas uma parcela mínima e acumulando mais juros a cada mês. E esses juros podem ser bem altos. Aliás, em alguns casos, eles podem ultrapassar os 400% ao ano.
Quer um exemplo de como tudo isso funciona?
Imagine que você tenha uma fatura de R$ 1.000 e decida pagar apenas R$ 300. O restante, R$ 700, vai para o crédito rotativo. Logo, se a taxa de juros do seu cartão for de 400% ao ano, você estará pagando cerca de R$ 23,33 de juros por mês apenas sobre esse valor. Isso significa que, ao final de um ano, você terá pago cerca de R$ 280 em juros apenas sobre esse valor de R$ 700.
E esses juros vão se acumulando mês a mês, fazendo com que sua dívida cresça rapidamente.
Aliás, para se ter uma ideia, essa taxa de juros é muito maior do que a maioria dos empréstimos pessoais, viu?! O que torna a dívida no cartão de crédito ainda mais cara.
Como saber quais os juros do cartão de crédito?
Entender como os juros do seu cartão de crédito são calculados é fundamental para controlar as suas finanças de forma inteligente e evitar surpresas na fatura do futuro. Vamos te mostrar, passo a passo, como fazer esse cálculo e te ajudar a tomar decisões mais conscientes.
No caso, para ter acesso ao valor específico dos juros do cartão de crédito, primeiro, você precisa descobrir o valor que ficou pendente; depois, calcular os juros e somar o valor pendente com os juros; e, por fim, caso tenha, acrescentar as parcelas em aberto.
Exemplo prático: imagine que você recebeu uma fatura no valor de R$ 1.000 e decidiu pagar apenas R$ 300. A taxa de juros rotativo do seu cartão é de 15% ao mês. Logo:
R$ 1.000 (valor total da fatura) - R$ 300 (valor pago) = R$ 700 (valor pendente)
R$ 700 (valor pendente) x 15% = R$ 105 (valor dos juros)
R$ 700 (valor pendente) + R$ 105 (juros) = R$ 805
E tem mais: se você tiver parcelas de compras anteriores no cartão, é preciso adicionar esse valor ao saldo devedor atualizado. No exemplo, em específico, não acrescentamos nenhum outro valor (de parcelas em aberto). Então, o valor da sua próxima fatura será de R$ 805.
Vale pontuar que esse é um exemplo meramente ilustrativo. Para facilitar esse cálculo e garantir que você está se preparando adequadamente para o próximo mês, você pode utilizar calculadoras online de juros ou aplicativos financeiros que fazem essa previsão automaticamente. Inclusive, essas ferramentas são ótimas aliadas para manter o controle das finanças e evitar que o crédito rotativo se torne um problema ainda maior.
Quais as taxas do cartão de crédito?
Além dos juros do cartão de crédito, é importante estar atento a outras taxas que os bancos costumam cobrar. Mesmo que os juros sejam uma preocupação maior, essas cobranças podem somar valores significativos à sua fatura e causar grandes dores de cabeça.
A boa notícia é que há bancos que oferecem cartões isentos de anuidade e taxas, o que pode ajudar a reduzir parte dos custos. Entender essas taxas e como elas funcionam é fundamental para fazer escolhas mais inteligentes e manter suas finanças em ordem.
Aqui estão algumas das cobranças comuns para quem usa cartão de crédito:
- Anuidade: é uma taxa anual cobrada pelo banco para que você tenha o direito de usar o cartão. Dependendo do cartão, essa taxa pode variar bastante. Por exemplo, alguns cartões cobram R$ 300 por ano, divididos em 12 parcelas de R$ 25 na fatura.
- Saque (usando o limite do cartão): ao usar o limite do cartão para fazer saques em dinheiro, você paga uma taxa que pode ser uma porcentagem do valor sacado ou um valor fixo. Se você sacar R$ 500 e a taxa for de 10%, sua fatura receberá um acréscimo de R$ 50, além dos juros que incidem sobre o valor sacado.
- Pagamento de contas: quando você paga contas como boletos e contas de consumo (água, luz, entre outros) com o cartão de crédito, algumas instituições cobram uma taxa por esse serviço. Por exemplo, pagar uma conta de R$ 200 pode acarretar uma taxa de R$ 5, que será incluída na sua próxima fatura.
- Segunda via do cartão: se você perder o cartão e precisar solicitar uma nova via, o banco pode cobrar por esse serviço. A taxa varia, mas geralmente é algo em torno de R$ 20 a R$ 30 a serem descontados, também, da sua próxima fatura.
- Avaliação emergencial de crédito: essa taxa é cobrada quando você excede o limite do cartão e a administradora do cartão aprova a compra, permitindo o uso de crédito emergencial. Dependendo da política do banco, essa taxa pode ser de R$ 18 a R$ 40.
- Taxas de parcelamento: quando você opta por parcelar uma compra, o banco pode cobrar uma taxa de parcelamento. Se você comprar algo por R$ 1.000 e decidir parcelar em 10 vezes, pode pagar uma taxa adicional de 3% ao mês sobre cada parcela, o que aumentaria o custo total da compra para R$ 1.300 ao longo dos meses.
Não caia em ciladas: 9 formas de usar bem seu cartão de crédito
Embora o cartão de crédito possa gerar juros e algumas taxas dependendo do banco escolhido, ele também pode ser uma ferramenta valiosa para a organização financeira, desde que utilizado com sabedoria e principalmente, com muita responsabilidade.
Lembre-se que fazer as escolhas certas e adotar práticas saudáveis de uso é fundamental para evitar problemas e aproveitar ao máximo os benefícios que o cartão oferece. E não para por aí. Ao seguir algumas práticas, você pode evitar dívidas e aproveitar os benefícios do cartão:
1. Avalie seu orçamento
Antes de solicitar um cartão de crédito, analise cuidadosamente o seu orçamento. Qual o valor que você pode gastar por mês sem comprometer suas finanças? Essa avaliação te ajudará a escolher um cartão com um limite de crédito adequado e evitar gastos impulsivos.
2. Controle o uso do cartão
Acompanhe seus gastos de perto. Para isso, é possível usar planilhas para controlar o que você está gastando e em quais categorias, ou até mesmo o aplicativo do seu banco — existem bancos que permitem uma gestão financeira prática, eficiente e em tempo real. Isso te permitirá identificar possíveis gastos excessivos e ajustar seus hábitos de consumo.
3. Faça um bom planejamento mensal
Organize suas finanças e estabeleça um planejamento. Dessa forma, você saberá quanto pode gastar com o cartão de crédito e evitará surpresas na fatura. Uma dica é planejar suas compras de acordo com as datas de fechamento e vencimento da fatura. Se você sabe que a fatura fecha no dia 10, pode fazer compras maiores para depois dessa data, tendo mais tempo para pagar.
4. Pague sempre o valor integral da fatura
Essa é a regra de ouro para evitar os juros do rotativo. Ao pagar a fatura completa, você evita que o saldo devedor se acumule e os juros incidam sobre ele. Por exemplo, uma fatura de R$ 1.000 que não é paga integralmente pode gerar juros de até 400% ao ano, conforme citado no início do conteúdo, transformando uma dívida de R$ 1.000 em uma bola de neve.
5. Tenha cuidado com fraudes
Proteja suas informações e não compartilhe os dados do cartão com terceiros. Use seu cartão apenas em sites confiáveis e tenha cuidado ao realizar compras em estabelecimentos físicos. Fraudes podem resultar em prejuízos financeiros e muita dor de cabeça.
6. Negocie as dívidas
Caso você já esteja endividado, entre em contato com a instituição financeira para negociar suas dívidas. Existem diversas opções de negociação, como a renegociação da dívida do cartão de crédito com redução de juros e a possibilidade de parcelamento em um prazo maior.
7. Dê preferência a cartões sem taxas
Opte por cartões que não cobrem anuidade ou outras taxas. Isso reduz os custos de manutenção do cartão e permite que você aproveite os benefícios sem despesas adicionais. Por exemplo, cartões de bancos digitais geralmente oferecem isenção de anuidade.
8. Busque informação constante
Mantenha-se informado sobre as novidades do mercado de cartões de crédito. Acompanhe as ofertas, promoções e condições de cada cartão para encontrar a melhor opção para você.
9. Evite compartilhar o cartão de crédito
Não empreste seu cartão para outras pessoas, mesmo que sejam familiares ou amigos. O uso indevido pode gerar dívidas inesperadas e comprometer sua saúde e futuro financeiro.
Transforme suas finanças com um bom uso do cartão de crédito
O cartão de crédito, quando utilizado com planejamento e responsabilidade, pode ser uma ferramenta poderosa para organizar suas finanças, oferecendo benefícios como programas de fidelidade, seguro para compras e facilidade em compras online.
Ao evitar o pagamento mínimo e optar por cartões com taxas reduzidas ou isenções, você garante um controle maior sobre seus gastos e evita dívidas desnecessárias, transformando o cartão em um aliado para alcançar seus objetivos financeiros.
E lembre-se: ao entender as regras do jogo e tomar as rédeas das suas finanças, você não apenas controla o cartão de crédito, mas também domina a sua vida financeira.
💡Leia também:
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